quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Conferência "Dirigentes Associativos" - O Associativismo na Freguesia de Caparica

O Associativismo é a expressão organizada da sociedade civil, que apela à responsabilidade e à intervenção dos cidadãos em várias esferas da vida social, constituindo um importante meio de exercício da cidadania.

Trata-se de um movimento através do qual as pessoas se agrupam em torno de interesses comuns, constituindo associações que têm objectivos de entreajuda e cooperação.

O Associativismo é, também, uma forma privilegiada de intervenção na sociedade civil que se deve nortear, sempre, pelos princípios da Liberdade, da Democracia e da Solidariedade.

Durante o Estado Novo o movimento associativo popular sofre de fortes condicionalismos, com restrições à liberdade de associação e com a centralização dos poderes na administração central do Estado, para além da situação política geral do País.

Após o 25 de Abril de 1974 a liberdade de associação é reposta e consagrada constitucionalmente e a criação e desenvolvimento das associações é impulsionada e acarinhada.

As associações constituem um parceiro reconhecido e desenvolvem acções de crescente importância em áreas muito diversificadas, complementando a intervenção do estado em vários domínios.

As associações são organizações democráticas geridas pelos seus associados, os quais devem participar activamente na definição dos seus objectivos e projectos.

Aderir ao Associativismo é participar de forma activa no planeamento e na condução das nossas vidas, quando ao procurarmos responder a necessidades que sentimos, contribuímos, também, para a resolução de carências colectivas.

Por tudo isto o Associativismo permite:

·         Pensar o futuro

·         Intervir sobre o presente

·         Investir em relações humanas

·         Ser solidário

·         Aprender regras fundamentais da democracia

·         Contribuir para o bem-estar comum.

Que futuro?

O desenvolvimento do Movimento Associativo depende da sua capacidade de modernização e de adaptação às novas necessidades e realidades.

A sua relação com o Estado tenderá a ser alicerçada nos princípios de autonomia, como decorre das orientações politicas defendidas pelo Conselho da Europa, sendo necessário actuar numa óptica de responsabilidade e de mobilização do conjunto da sociedade, incluindo os indivíduos e os grupos mais vulneráveis, neste sentido as associações constituem veículos privilegiados de combate à exclusão e de intervenção social.

Após estas referências, obrigatoriamente muito generalizadas, passarei a fazer referência à actual situação do Associativismo na freguesia de Caparica (Monte de Caparica, concelho de Almada) e sendo passarei a enunciar alguns dos “atropelos” feitos ao Associativismo praticados na minha freguesia.

Iniciarei este enunciado pelas Festas Populares do Monte de Caparica, que são actualmente a bandeira da freguesia.

Estas Festas são geridas pela Junta de Freguesia e uma comissão, comissão essa que é patrocinada pela Junta de Freguesia através de uma convocatória anual às colectividades para, numa reunião, procederem à eleição dos elementos que virão a constituir essa comissão, de entre os membros representativos das diversas colectividades, o que seria uma forma de procedimento normal.

Mas o que se passa na realidade não é nada disso. O que acontece na verdade é que em vez de uma eleição democrática tudo ocorre através de um convite feito, por um elemento da comissão anterior, às restantes associações existentes na freguesia, para integrar essa referida comissão.

Convite que é feito para integrar a tal comissão que não tem qualquer tipo de objectivo ou projecto, ficando as outras associações dependentes desse “convite” e sem qualquer hipótese de integrar a dita comissão ou de apresentarem qualquer projecto alternativo e melhor para a freguesia.

Mas e como se não bastasse esta ausência de Democracia, onde uma eleição é substituída por convites e cooptações, deve-se também dizer que deixaram de ser apresentados “Relatório e Contas”, o que sujeita a organização a uma falta de transparência e desconfiança geral.

Inseridas nessas mesmas festas estão também a Festa das Colectividades que servem agora como adorno para as festas da Junta de Freguesia e onde o movimento associativo não é ouvido para a sua organização ou na escolha dos temas.

De salientar também as opções fracassadas e alguma falta de empenho nos últimos anos nas actividades como os Jogos Desportivos da Caparica a Festa da Juventude... entre outras.

Numa freguesia muito deficitária em infra-estruturas, mas com a população mais jovem do concelho, deverei fazer referência à construção das piscinas e biblioteca (na zona do Raposo), mas com um atraso superior a 30 anos, mas tenho de deixar aqui uma pergunta, será que essas novas infra-estruturas irão “servir” a freguesia e o seu movimento associativo?

E a que se deve esta pergunta?

As colectividades nada sabem sobre:

·         A sua utilização.

·         Os serviços que vão prestar à nossa população e às nossas colectividades.

·         E que preços vão ser cobrados por esses serviços.

·         Que actividades desportivas e outras poderão as colectividades vir a fomentar nessas infra-estruturas.

São estas situações que me levam a acreditar que o Associativismo na Caparica precisa de um debate aberto e democrático, acreditando que esta Conferência nos pode levar a apoiar um movimento associativo que pugne pela Igualdade e pela Transparência.

Se o passado é mau, deixem-me dizer que o presente é péssimo, mas esperemos que o futuro seja, pelo menos, um pouco melhor, assim nós queiramos, assim nos deixem continuar, esta é a minha esperança e a minha certeza.

Sublinho a terminar o papel que as Associações têm desempenhado na prática da Solidariedade Social, funcionando como verdadeiros grupos de voluntariado de proximidade.

Parece-me que é desejável que este papel se venha a desenvolver ainda mais no futuro, em articulação com outras entidades e que se insira em processos de desenvolvimento locais baseados na consciência dos problemas sociais e locais e na procura das soluções necessárias.

Termino com a seguinte afirmação:

“Sem dirigentes Associativos voluntários não há Associativismo Popular” e se “ao olharmos o Associativismo Popular e tudo o que ele representa sentimos que somos um povo mais solidário, mais culto e mais feliz”.

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